segunda-feira, 20 de maio de 2013

Não é o jornalismo que está em crise, sim os veículos de comunicação!

Tenho ouvido nos últimos anos que o jornalismo está em crise. O que embasa esta afirmação é de que jornais impressos tradicionais estão fechando as portas, reduzindo postos de trabalho e que, ultimamente, esta crise está chegando à televisão. Ora, então a crise não é do jornalismo e sim dos veículo de comunicação.
De onde vem essa crise? Vivemos em um mundo onde as novas tecnologias galopam no sentido de propiciar ao cidadão comum pode relatar um pauta e, desta forma, dar o furo e até mesmo pautar os veículos de comunicação tradicionais. Com o advento das redes sociais, sobretudo, cada pessoa passa a ser um veículo de comunicação que, como tal, pode publicar coisas sérias, como o testemunho de um acidente ou assalto, ou pura e simplesmente as coisas consideradas mais frívolas como comentar uma novela ou filme.
Repórter vem de reportar e isso quer dizer relatar um fato respondendo àquelas seis perguntas que são os pilares de uma bom texto: O quê? Quem? Como? Quando? Onde? Por quê? Você faz uma reportagem quando chega em casa reportando um acidente ou outro fato corriqueiro para a mãe/pai, filho (a), esposo (a) ou colega de trabalho ou de escola. E nem precisa de diploma para fazer isso. Tá, daqui a pouco vão me chamar de herege.
Acompanho os noticiosos por hábito. Vou comparando cada um a o enfoque dado nos mesmos assuntos, tempo dedicado, fazendo paralelos com campanhas publicitárias e suas influências através de notícias que claramente são verdadeiros informes publicitários. Até mesmo aquela que parece ser uma crítica a esse ou aquele grupo não passa em branco. Sempre houve uma guerra surda entre a ética jornalística e os interesses dos donos dos veículos. Invariavelmente são conflitantes. E no meio desse conflito, a notícia é a primeira vítima e o receptor da mensagem (leitor/ouvinte/telespectador) a segunda.
Claro que sempre tem aquelas matérias que deixa o repórter em maus lençóis. Ele vai lá, capta a matéria, ouve todos os lados, volta para a redação, escreve a matéria, sai e vai para confiante que fez o seu trabalho e, quando abre o jornal no outro dia, a matéria pura e simplesmente não está lá. Foi derrubada, geralmente após um telefonema de uma fonte insatisfeita em estar sendo noticiada. Também é comum ouvir apenas um: mandaram derrubar a matéria.
Com o crescimento de sites de notícias, blogs e as redes sociais, a chamada grande mídia primeiro perdeu a hegemonia. Por não conseguir se adaptar aos novos tempos, vai se agarrando onde sempre se agarrou para atentar se salvar: nos profissionais de comunicação, que lhes emprestam a credibilidade. Empurra para o jornalismo a culpa de uma suposta crise que é meramente administrativa. Sim, por que se adaptar aos novos tempos é uma questão administrativa. O fazer jornalístico continua o mesmo. Os meios é que ganharam novas dimensões e uma em particular merece destaque: interatividade!
Não basta apenas criar um perfil as redes sociais e colocar os links da notícia para ser lido. Hoje, o leitor tem a possibilidade de fazer algo que nunca teve a oportunidade: discutir o tema, fazer a crítica e manter durante algum tempo uma acalorada discussão, coisa que os veículos de comunicação tanto não estão acostumados como sequer mostram disposição para fazê-lo.
Com a demissão de profissionais competentes e que não se sujeitam a ser meros reescrevedores de releases, o mercado alternativo foi ganhando força e vários desses jornalistas vão se somando a blogueiros que fazem muito bem o papel de jornalismo, colocando o dedo na ferida e divulgando notícias que os veículos de comunicação por razões diversas não faz.
A fatia do bolo publicitário vai sendo redistribuído conforme o blog ou portal de notícia vai ganhando importância. Obviamente que há os mercenários e mau intencionados que primeiro batem e depois correm para ir receber o seu quinhão. Mas isso existe há tempos e continua acontecendo na imprensa.
Mas o fato é que não é o jornalismo que está em crise. Já vi gente dizer que é preciso rever inclusive as escolas de comunicação. Ora, isso tem que rever faz tempo e não é por conta dessa suposta crise. O mercado está se fechando por que estão sendo fechados jornais? Abre-se vagas em portais. 
A questão de crise em jornalismo é antiga e trata-se de uma questão ética. Não são raros os casos de colegas dando pernadas em colegas, oferecendo o mesmo serviço por um preço mais baixo e assim o jornalismo vai sendo vilipendiado. É nisso que postam os veículos que oferecem salários de miséria para profissionais cumprirem uma carga horária que sequer existe na legislação. Esse é o drama do jornalismo e que deve ser resolvido dentro da categoria e não como querem nos fazer acreditar os proprietários de empresas de comunicação.

Um comentário:

  1. Ótimo texto Robson, explicita um problema parecido com o que acontece na Educação, o professor é sempre o culpado...

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