quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Votação de veto nas coxas: isso é Brasil!


O Congresso Nacional não pára de me surprender. A notícia de que terá uma sessão do Congresso para analisar todos os vetos presidenciais, inclusive o que impediu uma nova distribuição dos royalties de petróleo mais igualitária entre Estados e municípios, foi convocada para hoje pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é de deixar qualquer um de cabelo em pé e inimaginável em qualquer outro país do mundo. Aliás, devem ter pensado em votar tudo antes que o mundo acabe sexta-feira e eles fiquem com a imagem de: somos os picas da galáxia. Mas não é bem assim. Infelizmente!
A secretaria-geral da Mesa do Congresso informou que há 3.060 vetos na fila para serem votados. Desses, 51 são vetos presidenciais totais a projetos aprovados no Congresso. Outros 3.009 vetos são referentes a partes de 154 projetos aprovados pelo Congresso nos últimos anos. Segundo o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) a votação se dará em blocos e os vetos presidenciais serão mantidos, para então ser votado especificamente o veto referente aos royalties.
Fica patente o interesse maior em como fatiar o bolo dos royalties mais que o galante exercício de cumprir suas funções constitucionais. Votar os vetos nas coxas, como tudo o que é feito no Brasil, é como o motoristas dar aquela freada no ônibus para acochambrar todo mundo e caber mais passageiros. No fundo é isso mesmo. Não estão pensando em distribuir uma das riquezas do país igualitariamente. Estão mais pensando é em recursos para os próprios estados onde, possivelmente, a sangria aos cofres públicos seja mais fácil de fazer.
Ora, colocar 3.000 vetos para votar em uma sessão é uma mostra do descaso dos parlamentares com o país em todos os aspectos. Primeiro por deixar acumular tantos vetos e nos mostrar que é vergonhoso o papel dos parlamentares, desta e de outras legislaturas no alto parlamento brasileiro.

Depois por ir empurrando com a barriga assuntos de grande relevância e extrema importância como o Código Florestal, para ficar em um exemplo. Daí que percebemos o quanto somos ludibriados, aliás, nos deixamos ludibriar por, pura e simplesmente, não acompanharmos o dia-a-dia de quem decide nossas vidas através de votações de leis que somos obrigados a cumprir.
Sempre fui contra esse ditado que tomam como se fosse regra de ouro da vida pois trata-se de um engodo, uma enganação. No fundo estão dizendo: não se meta aqui, pessoa de bem, pois aqui queremos nós, os prevaricadores, os maledicentes, enganadores da população, nos locupletar e isso não é para vocês.
Se perguntar ao Sarney, deve ter veto aí desde quando ele foi presidente e isso demonstra o descalabro com que é tratada a coisa pública no Brasil. Sentir vergonha desse parlamento é o de menos. Temos é que começar a exercer nossa cidadania e cobrar, na prática, que os poderes cumpram suas funções.
E, para fechar com chave de ouro a questão, vejam como se dará a votação: por cédulas impressas, o que deve tornar mais demorada a análise dos vetos e a apuração do resultado. Quer dizer, até o arremedo é mal feito no Brasil!

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