quinta-feira, 15 de março de 2012

Moradores da Comunidade Novo Paraíso vivem sob tensão!

Moradores ainda vivem sob tensão, já que os capangas  da empresa Eletroferro estão sempre presentes e armados.

Clima de tensão e medo no retorno dos moradores da comunidade Novo Paraíso, no Tarumã, zona Centro-Oeste de Manaus, na manhã deste sábado. A presença dos jagunços armados da empresa Eletroferro dificultou, mas não impediu que aos poucos as pessoas fossem reocupando os espaços onde estavam suas casas que foram derrubadas no dia 1º de fevereiro, cumprindo mandato de reintegração de posse em nome de Alcione Bonfim, proprietário a Eletroferro.

 



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A decisão de voltar foi tomada ontem em uma reunião na sede do Incra, onde estava sendo discutida a regularização da área. “Temíamos que os jagunços nos impedissem à força, já que estavam armados e poderiam ser agressivos, pois sabíamos que a ordem deles era de matar quem tentasse entrar. Com a presença da imprensa e de alguns parlamentares isso foi evitado, mas temos receio que ainda aconteça algo pois os capangas não foram embora, devem estar aí pelo meio do mato”, disse Lindomar Souza Paulo, o Dedé, presidente da Associação dos Moradores da Comunidade Novo Paraíso.

A maior queixa dos moradores é a de que não apenas as casas foram derrubadas como móveis e utensílios domésticos foram saqueados, como também a plantação que existiam foram levadas. “Não bastasse a humilhação de ser retirada de casa, ainda levaram nossa produção de verduras e de animais que alguns criavam”, disse Dedé.

 

Vereador Ademar Bandeira e a escola que foi derrubada e está sendo levantada provisoriamente com lona

 

 Crianças almoçando logo após a reocupação da comunidade Novo Paraíso



De acordo com o vereador Ademar bandeira (PT) que esteve presente para garantir que nenhum ato de violência ocorresse, com a repercussão que teve na imprensa, Bonfim deve ter dado nova orientação aos seguranças. “Essa é uma situação delicada pois tem muita cuida ainda dependendo de decisão judicial, mas é certo que o direito dos moradores que habitam esta região há mais de 30 anos, alguns com até 40 anos, deve ser respeitado”, afirmou Bandeira.



Ao lado da comunidade existe um areial, que está sendo explorado por uma empresa que está nome da filha de Bonfim, Manuela Bonfim, com licença vencida em junho de 2011 e portanto retirando areia de forma irregular. Em novembro, quando houve uma das cinco reintegrações em menos de cinco meses, a área licenciada estava da seguinte maneira:






Agora, passados não menos de três meses, a degradação da área está bem maior e já extrapolaram os limites que eram permitidos pelo IPAAM através da licença 325/2011, está desta forma:




 











Para entender o caso

A área das comunidades Novo Paraíso e Frederico Veiga começaram a ser ocupadas há pelo menos 40 anos por pequenos agricultores que mantinham uma pequena produção de subsistência e vendiam o excedente para a área urbana de Manaus. A área era do estado e o empresário Alcione Bonfim apresentou um título de propriedade do estado de 1976, dado pelo Instituto de Terras do Amazonas (Iteram). Em 1993 ele hipotecou a área junto à Caixa Econòmica Federal por um empréstimo de R$ 28 milhões, sendo que não pagou e está em execução.



Desde 2004, de acordo com o presidente da Associação dos Moradores da Comunidade Novo Paraíso, os conflitos entre o empresário e os moradores se intensificaram, chegando a ter casos confronto armado com a morte de seguranças em fevereiro de 2010.



Na semana passada, após recorrer contra a reintegração de posse realidade no dia 1º de fevereiro, o desembargador Sabino Marques determinou que a Justiça do Estado é incompetente para julgar em função de a área estar hipotecada para a CEF e encaminhou de volta para a Justiça Federal, onde já havia uma determinação para que os moradores fossem mantidos, mas impedindo que novas pessoas ocupassem a área, por serem considerados população tradicional.

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