sábado, 11 de fevereiro de 2012

Manaus, lugar onde transporte coletivo é um grande negócio

Transporte coletivo é algo que qualquer administração deve levar a sério em qualquer lugar do mundo. Mas em Manaus as coisas parecem ser feitas apenas para atender interesses das empresas e não da população. Licitações direcionadas, com participação de empresas que apenas mudaram o cnpj, aumento de preço da tarifa sem dados técnicos e simplesmente o alijamento dos processos de quem não concorda em dar aquela generosa contribuição nas campanhas eleitorais.
Há dois anos foi mostrado pela rede globo como funciona o esquema de compra de vagas em linhas, cessão para cooperativas e tudo o mais. Pois desde o ano passado o Ministério Público, através do Centro de Apoio Operacional e Combate ao Crime Organizado (CAO- Crimo), estava investigando denúncias que levaram a indícios que confirmam a participação do  superintendente de Transporte  Urbanos (SMTU), Marcos Cavalcante, em um esquema de compras de vagas no sistema de transporte executivo de Manaus, que movimentou, pelo menos, R$ 2,6 milhões.
O Transporte Executivo foi instituído em Manaus em 2005 pelo então prefeito Serafim Correa que, entre outras medidas, instituiu a integração temporal, que previa para quem usasse os cartãos cidadãos, vale transporte ou passe estudantil mais duas horas para pegar um outro ônibus de graça. Também instituiu a domingueira, que era uma tarifa social para os domingos, com a passagem valendo a metade. À época a tarifa era de R$ 2,20 e aos domingos valeria R$ 1,10. Após assumir a prefeitura, em 2009, Amazonino Mendes simplesmente encerrou as medidas alegando prejuízo às empresas. Isso mesmo, prejuízo às empresas.
Conversei com o presidente da Federação das Cooperativas de Transportes do Amazonas (Fecootram), Equias Subrinho, e ele confirmou as denúncias de que alguns dirigentes de cooperativas eram assediados para pagar ou deixar o sistema. Simples assim. mas que ão tinha como provar porque ele fazia isso no gabinete dele e seria a palavra dele contra a dos dirigentes e ficaria por isso mesmo.
Em sua defesa, Cavalcante disse que as denúncias foram embasadas em recibos de pagamentos que vão do período de 2006 a 2008. Mas peraí, deve ter alguma coisa errada nisso. Ele apresentou esses documentos e as denúncias foram feitas por dirigentes de pagamento de propina para Cavalcante no ano passado. E quem daria recibo de que pagou propina? Estranho isso, não?
Não é a primeira vez que Cavalcante é envolvido em denúncias de esquemas no transporte em Manaus. Ele já foi presidente da antiga Empresa Municipal de Transportes Urbanos (EMTU), em 1998, e foi eleito vereador com apoio das empresas do sistema de transporte coletivos. Entre suas realizações foi a quase cassação, após ser ob­jeto de uma CPI pre­si­dida pelo ex-vereador Gilson Gon­zalez, que apurou três acusações, com destaque para a dis­tribuição de placas de táxis em Manaus e manutenção de fun­cionários fan­tasmas no órgão.
Resta saber se o Ministério Público encaminhará a denúncia ao Tribunal de Justiça do Amazonas. É o mínimo que se espera. Enquanto isso, a população em sua maior parte vai esperando em média 45 minutos nas paradas de ônibus e em paradas que mal as protegem do sol e da chuva.

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