sexta-feira, 1 de julho de 2011

As lições de Ana Luiza


É uma garota de sete, prestes a completar oito anos. Ana Luiza poderia estar brincando com suas bonecas, espalhando alegria pela casa e fazendo seus pais darem aquele sorriso que só quem é pai pode. Mas não, está em uma verdadeira cruzada há exatamente um ano na luta contra um câncer agressivo.

Acompanhamos essa luta e a encampamos, como se fosse nossa, porque o carisma da pequena fisicamente, mas de uma estatura descomunal que foi revelada pela mãe Carolina Coelho Varella e o padrasto Marcos Varella. Eles próprio se surpreenderam com a serenidade e a grandeza com que Ana Luiza vem enfrentando cada batalha que foram os processos de exames e tratamento da doença.

Neste dia 29 de junho, após ela passar por um transplante de medula, fazer um país perceber a importância da doação de sangue, medula e órgãos, Ana Luiza teve seu estado de saúde agravado depois do retorno do câncer e desta vez mais agressivo ainda, culminando em metástase. Em coma, ela não mais sorri, ou melhor: não podemos ver seu sorriso. Mas tenho certeza que essa força de vontade de viver que ela tem se mostra em sua aura!

Ana Luiza é uma estrela. Daquelas que tem tanta luz que ilumina todos ao seu redor. E não há quem tome conhecimento de sua luta que não se emocione, que não vire um defensor não apenas da campanha fraterna que se faz pela recuperação de sua saúde.

A gigante guerreira Ana Luiza que emociona é aquela que, em sua luta, nos fez repensar a vida. Nos mostra a cada dia que nos preocupamos com tanta bobagem, tanta mesquinharia. Foi na campanha de captação de doadores de sangue que foi feita para ela que dezenas de pessoas foram beneficiadas e que se espalhou Brasil afora e hoje nem se tem conta de quantas pessoas foram ajudadas.

Mas não se deve parar por aí. A doação de sangue é algo perene que deve se tornar um hábito de todos. Doação de órgãos e medula e fundamental para salvar milhares de vidas, mas é preciso pensar em outras coisas. Mais pessoas doando mostrou um outro lado: a fragilidade e a falta de estrutura para receber essas doações. E temos que nos mobilizar para mudar essa realidade não apenas usando as redes sociais, só que passando do virtual para o real. Aprendamos e coloquemos em prática essa lição.

Estive no Social Media Day no Ifam e fizeram uma justa homenagem para a Ana Luiza, uma criança que serviu de mote para diversas campanhas no twitter e mobilizou milhares de pessoas e pautou inclusive a chamada grande mídia. Nos mostrou que se nos unirmos seremos capazes de fazer o poder público cumprir o seu papel. Essa é apenas uma das lições que Ana Luiza me ensinou.

Nesse dia 30 de junho foi passada uma reportagem na Band sobre alternativas para o tratamento de câncer e lá estava Ana Luiza com seu sorriso encantador, mostrando uma característica dessa nova geração: muita lucidez sobre o que se passa ao seu redor. A voz de criança e a firmeza de quem sabe o que faz em uma explicação que muito adulto se pela de medo frente a um microfone e câmeras. Não é para aprender?
  
As notícias recebidas não eram animadoras e com quem falei, por mais esperança que tivesse, esperava pelo pior. Ana Luiza, mesmo desenganada pelos médicos, está em sua guerra, dessa vez silenciosa, mas nos ensinando que não se deve desistir assim, tão facilmente. A energia que emana dela e reverbera por todos nós nos deixa mais uma importante lição: de que ainda há esperança para a raça humana.

Deixemos que a pureza e a força dessa grande guerreira nos invada, que nos tornemos melhores e que possamos sempre não apenas olhar para os nossos problemas, pois certamente há pessoas em situação menos favorável que a nossa. Não damos o devido valor ao que temos e essa luta de Ana Luiza, que quer viver e se agarra à vida com todas as suas forças, nos dá essa valiosa lição. Pense antes de se queixar de algo, seja mais construtivo quando reclamar de qualquer coisa. Cresça!

Post Scriptum: Hoje, dia 1° de julho, Ana Luiza, desenganando os médicos que desenganaram seus pais, acordou. Reclamou da língua que havia mordido durante uma das convulsões que teve. Falou com os pais e, mais uma vez, nos dá uma lição de que a força de pensamentos positivos de todos nós é muito maior do que possamos imaginar.



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