quarta-feira, 18 de maio de 2011

2014, o número mágico da falácia no Brasil!

Esse texto foi escrito originalmente no dia 18 de maio de 2010, já com uma previsão do que aconteceria. A realidade é do Amazonas, mas é apenas um reflexo do que acontece nas cidades que serão sede da Copa 2014 e ao Regime Diferenciado (RD) se estenderá para os jogos olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Apenas para a Copa, serão mais de R$ 30 milhões, isso sem contar com os termos aditivos de contrato que, legalmente, pode chegar a 25% do valor inicial. Serão mais R$ 7,5 bilhões a mais que vão não para as obras, mas sabemos para quem!.

Não esqueçam que ano que vem tem eleição e é ano que todos precisarão fazer caixa para a campanha eleitoral. Mas os recursos para tanto são feitos desde já. Pensem nisso, prestem atenção no que está acontecendo em relação à copa. Futebol é paixão, mas nem por isso devemos fechar os olhos para as falcatruas que farão em nome disso!


Enquanto não temos um transporte decente e segurança pior ainda, vive-se a panacéia de que a Copa de 2014 irá salvar a lavoura do Amazonas, como se esse ano fosse um divisor de águas e nada mais importasse até que chegue esse ano.É preciso que se faça longas reflexões sobre o real significado da realização da competição mais importante do futebol mundial.

Já escrevi antes sobre como Manaus foi escolhida antecipadamente para ser sede e de como isso rendeu uma fortuna para fazer uma campanha para vencer uma disputa que já estava definida! Quer dizer, é um jogo de cartas marcadas. A Fifa também tem seus interesses. Mas ficou por aí. Tanto que no anúncio das sedes da Copa das Confederações Manaus ficou fora. E, mais ainda pode ser dito, caso alguma cidade seja cortada por não cumprimento de prazo para 2013, será simplesmente cortada. Não será substituída. A senha está dada!

Ah sim, os defensores de que Manaus pode ser sede da Copa das Confederações já disseram que isso ainda pode acontecer. Sinceramente não sei como. Mas isso é explicação que eles têm que dar, não eu!

Mas ao invés de pensarem em 2014, os governantes pensam apenas na próxima eleição. As propostas para resolver a questão da mobilidade urbana, monotrilho do estado e BRT da prefeitura, deu uma mostra de que o ego inflado e a megalomania de Eduardo Braga e Amazonino Mendes não deixaria as coisas fluirem como seria necessário. A propalada Ação Conjunta ficou apenas no discurso, como quase tudo por essas plagas.

A Arena da Amazônia, inicialmente orçada em R$ 499,5 milhões, deve seguir o mesmo caminho da ponte sobre o rio Negro e chegar a R$ 1 bilhão. Ou mais. Isso porque o projeto inicial foi recusado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sob suspeitas de superfaturamento e também falhas no projeto. Mas não é isso que deve elevar os custos dessa e das várias obras previstas para a Copa de 2014 e as Olimpíadas 2016. Há uma proposta do governo federal para a criação do Regime Diferenciado de Contratações, conforme revelou a jornalista Mary Zaidan.

Vai aqui um trecho:
O RDC, embutido na Medida Provisória 521 - um engana-trouxa de 53 artigos, dois sobre atividades de médicos residentes e outro sobre gratificações temporárias, apelidada, com precisão, de barriga de aluguel pela jornalista Dora Kramer – é uma autorização expressa para burlar a lei. Confere poderes que seriam públicos às empreiteiras vencedoras de licitações feitas a toque de caixa, que dispensam até mesmo projeto básico. Inventa facilidades para aditar contratos e regalias para atender às necessidades da Fifa.

É um caso raro em que se cria uma lei para infringir a lei.
Como não especifica quais são as obras, o vale tudo não é figura de linguagem. Do treinamento de pessoal ao trem-bala, da reforma ou construção de um novo estádio à compra de computadores para equipar futuras salas de imprensa, e o que mais se quiser. Um saco sem fundo, sem controle. Tudo com licitação frouxa.
Mas o que eu quero saber mesmo é se as heranças que serão deixadas valerão a pena. O governador Omar Aziz disse que não seria preciso resolver a questão da mobilidade urbana para 2014. Claro, tem que resolver para ontem. No quesito segurança os números da violência e criminalidade assustam qualquer um, como se não bastasse a participação de policiais em diversos crimes que vai de extorsão a homicídios passando por tráfico de drogas.
Em várias competições que vejo pelo mundo inteiro, sempre anunciam  o quanto será arrecadado. A Fifa já anunciou que deve bater o recorde e arrecadar US$ 600 milhões, aproximadamente R$ 1 bilhão, maior que o da África do Sul. Os governos (federal, estadual e municipal) dizem por aqui que o maior legado será as obras de infra-estrutura para a população. É pouco, não?
 

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