quinta-feira, 17 de março de 2011

Licitação em Manaus, um jogo de cartas marcadas!

Após o escândalo da Consladrões, ops, Consladel, apresentado em reportagem no Fantástico, a atual gestão da prefeitura de Manaus mostrou como trata a coisa pública: disse que manterá e renovou o contrato com a empresa. E você deve estar achando um absurdo, não é? Pois não é! Se você for analisar outros contratos de licitações da prefeitura de Manaus poderá encontrar outros casos mais escabrosos. O bola da vez é o do transporte coletivo, que está em vias de ser anunciado o resultado. Para começo de conversa elimina a tarifa social aos domingos, que é de R$ 1,10. Criada em 2005 pela gestão anterior, permite aos usuários pagar pelo serviço que é prestado, tendo em vista que as empresas reduzem o número de veículos para fazer o transporte da população. Um outro ponto já pré-definido nessa licitação é que o transporte executivo, atualmente feito pelas cooperativas de transporte e mais duas empresas, deixará de ser feito apenas pelas empresas, já credenciadas. Mas o detalhe escabroso não está aí, mas sim na história. Em 2009 Amazonino Mendes tentou passar a tarifa do executivo de R$ 2,0 para R$ 3,00. As cooperativas se recusaram a dar o aumento por um motivo muito simples: prejudicaria a população e colocava em cheque o já combalido sistema. Uma paralização dos motoristas obrigou o alcaide teve que retornar ao preço de R$ 2,50. O prefeito, humilhado, teve que recuar, mas sob a ameaça de tirar a concessão das cooperativas, conseguiu seu objetivo: passagem do executivo em R$ 3,00. Para participar da licitação, as empresas que concorrem ao processo de licitação, precisam dar garantias de que possuem garagem e ônibus em Manaus. Qual não foi a surpresa ao verem que as empresas novas que querem operar aqui apresentaram garagem e ônibus de empresas já existentes e operando na cidade. Ou seja, será trocar seis por meia dúzia! Mudarão apenas os nomes das empresas, os proprietários serão os mesmos!


No começo deste ano, Amazonino prometeu mil ônibus sem que a tarifa fosse elevada. Essa era uma das condições para que as empresas permanecessem operando. Mais uma vez foi palavra jogada ao vento. O aumento vem antes dos ônibus. Mas um detalhe que quase passa despercebido é que tudo que está sendo anunciado, como a elevação da tarifa para R$ 2,80, 26% do valor de R$ 2,25, é um valor que já estava pré-definido. Os cálculos para chegar a esse valor nunca são mostrados. O titular da Superintendência Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT), Marcos Cavalcante, já havia anunciado antes que as cooperativas ficariam de fora, disse que o aumento vai para a análise do prefeito. Ora, se o valor já foi passado baseado em uma planilha de custos que ninguém tem acesso, o máximo que poderemos ouvir do prefeito é o seguinte: “O Negão aqui, que é o pai de todos vocês, que está sempre pensando no bem de vocês, não ai ceder aos empresários e não vai dar esse aumento de R$ 2,80 porque é um exagero tal qual queriam me cassar por aquela declaração infeliz. Pensando em vocês, para não ficarem com o problema do troco, a tarifa ficará em R$ 2,75”.



Post Scriptum: E para quem não lembra, ou não sabe, Marcos Cavalcante já foi presidente da antiga Empresa Municipal de Transportes Urbanos (EMTU), em 1998, e foi eleito vereador com apoio das empresas do sistema de transporte coletivos. Entre suas realizações foi a quase cassação, após ser ob­jeto de uma CPI pre­si­dida pelo ex-vereador Gilson Gon­zalez, que apurou três acusações, com destaque para a dis­tribuição de placas de táxis, em Manaus e manutenção de fun­cionários fan­tasmas no órgão.



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